Catolicismo ilustrado e feitiçaria. : Resultados e paradoxos na senda da libertação das consciências

Evergton Sales Souza

Resumo


Embora o mundo português não tenha conhecido uma caça às bruxas, as teorias demonológicas que estearam o movimento tiveram largo curso no país. As novas tendências teológicas que passaram a preponderar em terras lusitanas, a partir da segunda metade do século XVIII, provocaram mudanças no modo da elite letrada pensar a magia. Assim, sob influência da erudição e do pensamento das luzes, a crítica dos meios intelectuais à crença na magia ou feitiçaria se fez cada vez mais forte. Em 1774, a Real Mesa Censória examinou o pedido de impressão da tradução de um livro italiano intitulado Difesa de Cecilia Faragò, inquisita di fattucchieria, cuja tese sustentada é a da inexistência da arte mágica atribuída aos feiticeiros. Tomando por base o longo parecer sobre a obra, escrito pelo Deputado da Real Mesa Censória, Fr. José da Rocha, no qual se explicita a posição do Tribunal sobre o assunto, o presente artigo pretende mostrar como os pressupostos da ilustração católica concorreram para a mudança no modo de conceber a feitiçaria em Portugal. Tenciona, igualmente, indagar sobre as implicações sócio-culturais dessa mudança, em especial no que toca à configuração de uma atitude mais tolerante ou intolerante em relação às práticas mágicas, por parte das autoridades estatais e eclesiásticas.

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