«Área de acesso reservado» : tradição e mudança na organização da necrópole tebana

Rogério Sousa

Resumo


No antigo Egipto, o sagrado está estreitamente associado à noção de interdito. O território da necrópole era um espaço sagrado por excelência e, como tal, estava demarcado por um conjunto de interdições que codificavam a sua utilização. A XXI dinastia registou importantes modificações no padrão de utilização do espaço da necrópole. O saque da necrópole real, o Vale dos Reis, é habitualmente tomado como o exemplo flagrante da grande instabilidade social e política do tempo. Com este artigo pretendemos demonstrar que a espoliação dos túmulos que se verificou em toda a necrópole tebana correspondeu a uma reorganização do espaço da necrópole e ao levantamento dos interditos subjacentes a uma concepção do território sagrado que se afigurava obsoleta. Esta obra de reorganização, empreendida pelos sacerdotes de Amon, ilustra a emergência de uma nova noção do espaço sagrado onde se insinua uma inusitada «liberdade» de circulação de bens funerários e, pela primeira vez, se assiste a uma participação muito expressiva das mulheres na economia da necrópole. Queremos ainda demonstrar que esta aparente «libertação» do território sagrado estava condicionada por uma nova concepção do poder religioso que presidia à organização da necrópole.

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