Sobre a natureza homogénea do Pretérito Perfeito Composto em Português Europeu

Fátima Oliveira, António Leal

Resumo


O Pretérito Perfeito Composto do Indicativo (PPC) é um tempo que apresenta certas peculiaridades em Português Europeu que o distinguem inequivocamente de construções similares em outras línguas. De facto, enquanto, nas restantes línguas, esta construção veicula apenas uma eventualidade, em PE surge tipicamente uma leitura de repetição de eventualidades. Assim, na primeira parte deste trabalho, é analisada a natureza desta repetição de eventualidades – se se trata de iteração, frequência ou habitualidade. Defenderemos que  a mais adequada é a noção de iteração, na medida em que o PPC converte um número não determinado de eventos básicos do mesmo tipo numa única eventualidade, da qual os eventos básicos são subfases. Contudo, esta leitura iterativa não surge em todos os casos: sob certas condições, o PPC pode ter uma leitura de eventualidade única. Deste modo, na segunda parte deste trabalho, apresentamos uma análise aspetual do PPC que inclui tanto a leitura de eventualidade única como a leitura iterativa, no sentido de fornecer uma explicação unificada para as leituras do PPC. Para isso, recorreremos à noção de homogeneidade tal como é definida em Landman & Rothstein (2012a e 2012b). Defendemos que a propriedade da homogeneidade é uma propriedade aspetual central do PPC em Português Europeu e que a oposição entre homogeneidade segmental e homogeneidade incremental proposta por estes autores para os adverbiais do tipo ‘for x time’ permite explicar ambas as leituras deste tempo gramatical.


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