Avaliação Externa e o Exame Nacional de Geografia A - breve contextualização sobre a sua pertinência

Júlio Rocha

Resumo


No sistema de ensino, as questões de avaliação sempre tiveram um papel central. Quando falámos em avaliação, de facto surge-nos a ideia de que esta tem tido uma importância crescente na área da educação escolar, na vida dos alunos, mas também na vida de professores e famílias. Aliás, a avaliação surge como indispensável e inerente à escola, pois apresenta-se como forma de julgar o progresso de um aluno e de o situar relativamente aos outros e ao seu desenvolvimento individual, sendo o processo necessário para permitir que o aluno progrida. Neste sentido, começam a surgir diversas conceções ligadas à avaliação, como é o caso da formativa que se distingue da sumativa, com cariz mais rígido e que se prende não com a mediação e diagnóstico de aprendizagens, mas antes como prova de uma aquisição conclusiva de conhecimentos. Neste artigo debruçamo-nos sobre a avaliação sumativa externa, pois é a que tem dado origem a maior controvérsia. Falámos especificamente dos exames nacionais e, mais concretamente, dos Exames Nacionais de Geografia A, sobre os quais se debruçou a nossa investigação. Como conclusão mais pertinente, não contrariando a ideia de que a avaliação é fundamental no sistema de ensino, consideramos que nos moldes em que a avaliação externa, nomeadamente os exames nacionais, estão a ser implementados, rapidamente se tornam injustos e de cariz muito generalista.

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