Da afirmação de uma «questão urbana» à produção das primeiras respostas urbanísticas do Estado: crise sanitária, movimento higienista e estruturação do campo burocrático perspetivadas a partir do Porto

João Queirós

Resumo


O presente artigo explora os antecedentes e condições de afirmação e consolidação do papel do Estado no domínio do urbanismo no final do século XIX e início do século XX, tomando como referência e ilustração o caso da cidade do Porto. A crise sanitária decorrente do surto de peste bubónica registado na cidade em 1899 é o mote para uma reflexão sobre a relevância do movimento higienista na produção e disseminação de uma nova forma de perspetivar a intervenção urbanística e habitacional do Estado na cidade e no processo de estruturação do campo burocrático português e portuense que naquele momento histórico se observará.


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