O jornalismo de revista no cenário da mobilidade

L. Graciela Natansohn, Rodrigo Cunha

Resumo


Pretende-se, neste artigo, introduzir uma reflexão sobre as transformações trazidas pela sucessão de inovações em dispositivos técnicos de leitura de notícias, em relação às novas interfaces para a distribuição e consumo de jornalismo de revista em ambiente online. Foram mapeadas as formas específicas que as interfaces de revistas estão adquirindo para se adequar a estes novos cenários, enfatizando-se na migração das revistas para os dispositivos móveis, a exemplo de celulares, e-readers e tablets. Com o intuito de capturar a dinâmica das transformações do jornalismo num cenário tão móvel quanto os pequenos aparelhos nos bolsos dos usuários (em se tratando de processos cujas dinâmicas culturais e econômicas estão em permanente mudança), mapeamos e analisamos as interseções entre dois espaços: o do jornalismo de revista e o dos dispositivos móveis (celulares e e-readers), mostrando algumas das experiências das principais editoras brasileiras de revistas. Detectamos três formas de disponibilização de conteúdo das revistas em plataformas móveis: SMS (cujo usuário assina um serviço de envio de mensagens tarifadas para o celular), mobile sites (versões de websites adaptadas para a tela menor do aparelho) e os aplicativos (softwares que são instalados no próprio celular, para acesso de conteúdo online ou offline). Nos detemos a analisar inicialmente os mobile sites e os aplicativos para celular, serviços disponíveis mais recentemente pelas editoras brasileiras a partir de alguns dados disponibilizados por parte das editoras de revistas que vêm a ilustrar e apoiar estas idéias preliminares. O que vamos apontar aqui é que a emergência dos dispositivos móveis (mobil device) para distribuição de publicações jornalísticas parece estar gerando: a) um tipo de produto informativo diferente, mais estetizado, que conjuga informação com aspectos plásticos de forma diferente de como as revistas o vem fazendo; b) uma alteração nas definições do que é o gênero revista, a partir da distribuição fragmentada de diferentes produtos e serviços, via aplicativos específicos, e c) o desenvolvimento de uma geração de softwares específicos para móveis, de aplicativos especializados para cada dispositivo, que altera o princípio de “um software para várias plataformas” anunciado como princípio facilitador da distribuição inter-mediática de conteúdo na web 2.0. Interpretamos os dados o obtidos à luz das teorias sobre a convergência cultural, mobile device e Web 2.0 (COBO ROMANI e PARDO KUKLINSKI, 2007, LEMOS, 2005, 2007, 2009; GOGGIN, 2006; KATZ, 2008; SILVA, 2009), conceitos chave para compreender como o jornalismo de revistas online está em mutação, pois: a) há intensa criação de redes sociais ao redor dos produtos jornalísticos; b) com os recursos de interatividade disponíveis pode existir geração de conteúdos por parte dos usuários, c) tanto jornalistas quanto leitores trabalham na classificação e organização da informação, indexando e sindicando conteúdos, d) há uso cada vez mais extenso de várias aplicações e serviços (mashups) e e) estende-se o uso da web como plataforma.

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