A missão e a morte de S. Tomé Apóstolo no Sul da Índia e a historiografia portuguesa dos sécs. XVI e XVII

Cristina Osswald

Resumo


O texto mais antigo que se conhece e que narra o presumível apostolado de S. Tomé e a sua morte no Sul da Índia é o texto apócrifo dos atos siríacos de Tomé escritos na Mesopotâmia, c. 220-230. A chegada portuguesa à Índia foi decisiva para a difusão do presumível apostolado e da morte de S. Tomé na Índia do Sul. Pois, a existência de comunidades cristãs produtoras de pimenta, produto muito desejado pelos portugueses, e ainda dum túmulo dum apóstolo constituem argumentos suplementares e da maior relevância justificando o processo
expansionístico em curso. A defesa acérrima desta tese por parte da Coroa e dos
seus representantes pode ser explicada dentro do contexto da competição políticodevocional entre as duas coroas ibéricas. Ao guardar um túmulo dum apóstolo, a Coroa Portuguesa ganhava um estatuto devocional semelhante ao estatuto da sua congénere castelhana, guardiã do túmulo de Santiago. A descrição mais antiga na literatura portuguesa do “túmulo indiano” deve-se a Duarte Barbosa, e foi escrita c. 1516. À semelhança dos cronistas régios, todas as ordens religiosas no Oriente e seus cronistas aceitaram, sem dificuldade, a tese da missionação e da morte do Apóstolo S. Tomé na Índia. Esta figura assumiu, porém, um papel especial para a missão jesuíta, cuja hagiografia difundiu a ideia de S. Francisco Xavier, como segundo S. Tomé Apóstolo. Além da defesa da veracidade do túmulo, a assim chamada lenda do pavão e as profecias da água eram dois temas muito tratados pela historiografia portuguesa.


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